21 de agosto de 2022
Celebrada neste domingo (21 de agosto), data chama a atenção para a importância do profissional da ultrassonografia para todas as especialidades da Medicina
Neste domingo (21 de agosto), é celebrado o Dia do Ultrassonografista, além do aniversário de fundação da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS). Para refletir sobre a realidade desse método de diagnóstico por imagem no Brasil, o blog da Meddco traz uma entrevista exclusiva com o Dr. Adilson Cunha Ferreira, baiano radicado em Ribeirão Preto (SP) que integra o quadro de professores dos cursos online da Meddco.
Com mestrado e doutorado na área, Ferreira destaca que a ultrassonografia brasileira se desponta como uma das melhores do mundo, com cerca de 50 mil ultrassonografistas em atuação no País.
Para ele, hoje a ultrassonografia é um “GPS” para diversos atos médicos, sendo aliada em todas as especialidades da Medicina.
Primeiramente, gostaria que falasse um pouco sobre sua formação e atuação. Já são quantos anos de experiência na área da ultrassonografia?
Eu cheguei a Ribeirão Preto vindo da Bahia há aproximadamente 20 anos. Inicialmente, vim para fazer o internato, o chamado de sexto ano, e, logo em seguida, passei pela residência médica, o mestrado e o doutorado. Foi nessa fase da pós-graduação que meu olhar para a ultrassonografia foi repaginado pelos inúmeros avanços que essa área teve. Desde então, minha trajetória profissional tem sido sempre umbilicalmente, “siamesamente”, ligada à ultrassonografia. Ao longo desses 20 anos, foi muito relevante e importante acompanhar essa evolução, saindo das imagens em preto e branco para as imagens coloridas e os transdutores matriciais de alta frequência, o processamento tridimensional, o processamento 4D, o processamento 5D associado à inteligência artificial. Eu costumo dizer que o ecossistema ultrassonografia foi concebido e sou muito honrado de fazer parte dele no Brasil.
O que mais pesou na sua escolha pela ultrassonografia como especialidade?
O que me move é a paixão, aquele sentimento de identificação, aquele insight que toda pessoa algum dia teve na vida. O que falou mais alto foi a necessidade de todos os dias estar vinculado ao exame ultrassonográfico, e, a partir daí, ver a minha própria progressão, minha própria percepção de identificação com o método. Parecia aquilo que chamamos na Medicina de processo de retroalimentação, quanto mais eu fazia mais sentia a necessidade de fazer. E essa identificação me fez atuar peculiarmente, mas, ao mesmo tempo, com uma satisfação imensurável, nesta área do diagnóstico por imagem que mais cresce no mundo.
Podemos afirmar que o advento da ultrassonografia representou uma revolução na forma de se avaliar um paciente para os profissionais da Medicina? Havia muitas limitações antes dela surgir?
Essa pergunta é encantadora, pois ela reflete todo o histórico da Medicina e, nesse sentido, da própria evolução humana. Se pegarmos a era “pós-Cristo”, passamos entre os anos 1 e 1900 sem praticamente nada de avanço tecnológico. Cerca de 90% de todos os avanços surgiram no último século, e assim foi com a ultrassonografia. Nos anos 1950 começam as primeiras pesquisas, e nessa mesma década o método entra na utilização clínica. A ultrassonografia acabou nesses últimos 72 anos partindo para todas as áreas da Medicina, desde a Pediatria, a Dermatologia, a Gastroenterologia, Cirurgia Vascular, ou seja, hoje a ultrassonografia é um “GPS” para diversos atos médicos. E o mais encantador: ela passou de um método de diagnóstico para um método de orientação a procedimentos invasivos e dos protocolos da conduta. O maior exemplo disso surgiu na mama, na classificação BI-RADS, em que a gente dá o diagnóstico e a proposta de conduta. E isso se espalhou para todas as áreas. Dos quatro métodos de imagem, possivelmente, a ultrassonografia é a que está mais vinculada ao dia a dia do exercício da Medicina. Portanto, foi um grande avanço aos profissionais da área da saúde, e o maior beneficiado foi o sistema de saúde e o paciente.
Quais são as áreas da saúde humana que a ultrassonografia mais contribuiu ao permitir a realização de um diagnóstico por meio da imagem?
As áreas mais beneficiadas inicialmente pela ultrassonografia são as relacionadas à saúde da mulher. Na Obstetrícia, através da avaliação materno-fetal, a ultrassonografia foi um grande divisor de águas. Incluímos aí outras áreas, que chamamos de áreas âncoras, como a Vascular e a Ortopedia. Hoje eu posso afirmar que a ultrassonografia está presente em todas as especialidades médicas.
É claro que a própria ultrassonografia evoluiu tecnologicamente ao longo do tempo. O que mais marcou para o senhor enquanto profissional em termos de evolução da ultrassonografia?
Dizem que o homem está vinculado às suas construções, determinadas pelo caminho que ele percorreu e pelo final que ele acha que atingiu. Nesse caminhar, a participação do ser humano nos processos evolutivos em qualquer área faz com que ele crie um vínculo afetivo, intelectual ou financeiro. E assim aconteceu com a ultrassonografia. Percebemos, anos após anos, a evolução na qualidade de imagem e na intercomunicação entre elas. Espero não estar cometendo heresia com outras áreas relacionadas à ultrassonografia, mas, possivelmente, a análise Doppler foi um dos grandes avanços, aliada aos transdutores de alta frequência. A partir dessa evolução, surgiu a intercomunicação, a possibilidade de enviar e receber mensagens, enviar vídeos, relatórios, compartilhar conhecimentos. Isso construiu um forte alicerce para a ultrassonografia se tornar o método de imagem que toda área da saúde reconhece.
Pensando em futuro, como o senhor projetaria a ultrassonografia nas próximas décadas?
O exercício da futurologia não é para todos, e, às vezes, eu evito fazê-lo porque várias vezes na Medicina a gente não conseguiu prever uma série de avanços. Entretanto, baseado nessa história prévia, eu posso arriscar em dizer que o processamento tridimensional, a fusão de imagens e a utilização de contrastes, assim como a ultrassonografia à beira do leito nos centros de traumas e UTIs, serão grandes protagonistas do resultado que a Medicina irá obter, melhorando a sua qualidade.
Sobre o mercado profissional, o senhor acredita que há ultrassonografistas suficientes para atender a demanda de trabalho da Medicina brasileira hoje?
Nós somos aproximadamente 220 milhões de brasileiros, com cerca de 550 mil médicos para atendê-los. E somos em torno de 50 mil ultrassonografistas. Ainda há uma carência em nível nacional desse profissional, e não só do ponto de vista numérico, mas de qualidade. Ou seja, há o critério qualidade: os profissionais qualificados ainda são muito carentes no mercado. Isso vem melhorando dia após dia. A ultrassonografia brasileira é considerada uma das melhores do mundo, mas nós temos para as próximas décadas um desafio muito grande que é o de aumentar em número e qualidade o profissional que milita na área da ultrassonografia, o médico que se dedicada a essa área e os professores que ensinam a esses médicos.
Um ultrassonografista tem que se atualizar constantemente, principalmente por conta da evolução tecnológica e das descobertas de pesquisas?
Hoje, fica nítido que todas as áreas do conhecimento demandam atualização. O que nos surpreende é a velocidade com que isso vem acontecendo, e, obviamente, não temos a capacidade de absorver tudo isso. Portanto, a inteligência artificial e os algoritmos deverão ser instrumentos que vão permear os avanços e a prática desses avanços. Muitos avanços ainda não são democratizados porque eles demoram para chegar à área médica, mas é importante a atualização constante do médico que atua com a ultrassonografia ou com qualquer outra área. Em questão de meses, não mais anos, a gente pode ficar com o conhecimento defasado e resultar numa má prática médica.
Sobre a Meddco
Com 15 anos de atuação e mais de 5 mil alunos matriculados, a Meddco foi a empresa pioneira na educação a distância (EAD) voltada a área de diagnóstico por imagens do País.
Em todo seu histórico, sempre permaneceu no ambiente digital, oferecendo cursos vitalícios, proporcionando ao aluno o acesso ilimitado aos cursos adquiridos.
A Meddco oferece aos seus alunos, materiais de altíssima qualidade, que geralmente são compostos por aulas teóricas, aulas práticas e a apresentação de casos clínicos, garantindo ao aluno atualização e aprendizado de qualidade.
Além disso, nosso corpo docente conta com especialistas referências em suas áreas de atuação, oferecendo ao aluno aprendizado de qualidade inquestionável, fato comprovado pelo alto índice de satisfação de nossos alunos, que fica acima dos 95%.
Saiba mais sobre os cursos Meddco no link www.meddco.com.br/listagem-de-cursos/.