No Dia Nacional do Ultrassonografista, o Blog da Meddco convidou o Dr. Rui Gilberto Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS), para uma entrevista exclusiva sobre a história dele dentro desta área que tem ganhado cada vez mais espaço, notoriedade e respeito no Brasil.
Ele também conversou com nossa equipe de reportagem sobre os desafios da SBUS, a valorização dos médicos, os principais avanços nos últimos 10 anos, as mudanças que a pandemia trouxe para esta área e de que forma os cientistas têm corroborado para o avanço da Ultrassonografia e uma visão sobre o futuro da especialidade.
1) Nos conte sua história dentro da ultrassonografia?
Iniciei na ultrassonografia no início dos anos 90, com um grupo de ultrassonografistas na clínica Fertile, em Goiânia. Desde aquela época, surgiu uma grande afinidade no trabalho médico realizando a ultrassonografia. Já em 94, eu participei da fundação da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia.
- 2) Quais são os desafios da SBUS – Sociedade Brasileira de Ultrassonografia?
O grande desafio da SBUS é continuar lutando para o reconhecimento da Ultrassonografia como especialidade médica. Há quarenta anos as lideranças médicas na área vêm lutando para conquistar este reconhecimento e pretendemos continuar este trabalho árduo com determinação e persistência.
Paralelo a isto, estamos lutando também para a regulamentação do ensino médico em Ultrassonografia no Brasil, com ampliação das residências médicas em Ultrassonografia em todas as escolas médicas no país.
Outro desafio é a luta pela garantia da Lei do Ato Médico, visto que o procedimento ultrassonográfico é diagnóstico e terapêutico, prerrogativas exclusivas da categoria médica.
3) De que forma a SBUS defende e valoriza o profissional Ultrassonografista?
Lutando pelo reconhecimento da Ultrassonografia como especialidade médica. A SBUS investe na atualização cientifica e defesa profissional a todos os seus associados. Na atualização científica, a SBUS tem realizado congressos, webinares, produção de livros e emissão de protocolos. Na defesa profissional temos auxílio jurídico, intervenções junto a Planos de Saúde e instituições referentes a honorários médicos dignos.
- 4) Na sua opinião, quais são os principais avanços na área da Ultrassonografia dos últimos 10 anos?
Nos últimos dez anos os três principais avanços foram:
O desenvolvimento dos equipamentos, das imagens, com o surgimento da Ultrassonografia em 3D.
Elastografia que trouxe grande contribuição para algumas áreas como a oncologia e os avanços na medicina minimamente invasiva, sendo a medicina fetal um grande exemplo.
A internet e também a incorporação da robótica junto a Ultrassonografia para participação de profissionais, tanto na execução do exame quanto na emissão de pareceres e relatórios, à distância.
- 5) Quais são as orientações para os médicos e estudantes que querem se dedicar a Ultrassonografia?
Eles devem se inscrever em residências médicas, fazerem pós-graduações e cursos na área da Ultrassonografia. Mas a nossa grande esperança é a normatização do ensino médico no Brasil através da regulamentação de residências médicas em Ultrassonografia para os estudantes que desejarem participar desse projeto.
- 6) O que mudou na Ultrassonografia com a pandemia mundial?
O que mudou foi o modo de aplicação das medidas higiênicas e de distanciamento na realização desses exames. Tomando cuidado com a correta higienização dos transdutores e a restrição de acompanhantes no ato do exame, cumprindo as normas e exigências da Organização Mundial de Saúde.
- 7) De que forma o avanço da Ciência tem colaborado para a vida dos pacientes e trabalho dos ultrassonafistas?
A ciência tem colaborado com a evolução dos aparelhos, com imagens em tempo real 4D, auxílio do Doppler e da elastografia. Com o aprimoramento do entendimento científico e prático, habilidade e expertise dos operadores, temos conseguido melhores diagnósticos e assistências terapêuticas.
O surgimento dos aparelhos portáteis tem propiciado a operacionalização dos exames de ultrassonografia nas UTIs, nos berçários, e em outros locais de atendimento de emergência.
8) Dentre os avanços recentes, elenca três pesquisas importantes para a área?
A contribuição das pesquisas de reconstituição de imagens em tempo real 4D, pesquisas em Elastografia e junção da internet com a robótica para contribuição dos exames à distância, o que pode contribuir para a saúde pública, como por exemplo no rastreio de pré-eclâmpsia, trabalho de parto prematuro e malformação fetais, dentre outros.
9) Qual é a sua visão do futuro da ultrassonografia?
A ultrassonografia é a extensão dos olhos e das mãos dos médicos na formatação de diagnóstico e terapêutica. Neste sentido, a ultrassonografia do futuro vai nos contemplar com imagens nítidas em tempo real em 4D, podendo ser compartilhada à distância e online. Certamente, irá proporcionar maiores contribuições no diagnóstico e terapia minimamente invasiva. E ainda teremos avanços em ergonomia com acréscimo da robótica.
